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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Espectro político: sistema multidimensional

Se você perguntar a alguém de esquerda o que é esquerda e direita, ele possivelmente vai te dizer que esquerda é defender a justiça social e uma melhor distribuição de renda e que direita é defender a manutenção do status quo e a concentração de renda.

Já se perguntar a alguém de direita a mesma coisa, ele plausivelmente dirá que direita é a defesa do livre mercado e dos direitos dos indivíduos sobre as próprias posses e que esquerda é a defesa do controle da economia e violação da propriedade privada.

Note que estou supondo que os entrevistados em questão saibam distinguir esquerda-direita de liberdade-autoritarismo, que é um outro eixo político, no sistema bidimensional, como mostrado a seguir.

Espectro político bidimensional.

O que a esquerda chama de esquerda não é incompatível com o que a direita chama de direita, pois um dos fatores que levam a concentração de renda é justamente a reserva de mercado feita por governos para algumas empresas, o que resulta em oligopólios, que é oposto tanto à distribuição de renda quanto ao livre mercado.

Minha sugestão é desdobrar o eixo esquerda-direita em dois eixos independentes:
- O da liberdade econômica, que expressa o nível de interferência dos governos ou organizações na economia, que vai desde uma economia completamente direcionada pelo(s) estado/organizações (dos serviços mais básicos à macroeconomia) até o completo livre mercado (sem regulações, impostos ou restrições à atividade econômica).
- E o da distribuição de renda, que expressa o quanto as riquezas são distribuídas pela sociedade. Este eixo vai desde a perfeita distribuição de riquezas até a concentração absoluta.
Assim, pode haver quem defenda liberdade econômica e justiça social, assim como quem defenda controle da economia e concentração da renda.

De forma análoga, podemos desdobrar o eixo liberdade-autoritarismo em dois eixos:
- O das liberdades individuais, que se refere ao que cada indivíduo faz da própria vida e o quanto o estado ou outras organizações interferem nela. Vai da completa ausência de entidades externas nos assuntos pessoais até o controle minucioso do que as pessoas fazem, o que falam e para onde vão.
- O das liberdades políticas (conceito que vi em uma imagem no google), que se trata do quanto a população participa dos processos de decisão do país ou grupo. Vai desde uma participação plena (como numa democracia direta) até uma ditadura.
Note que nesse caso pode haver um sistema de elevada liberdade política e baixa liberdade individual (ditadura da maioria, por exemplo) ou com elevada liberdade individual e baixa liberdade política (ditadura benevolente).

Espectro político quadridimensional, versão preliminar incompleta.


Outros eixos podem ser introduzidos arbitrariamente, conforme a criatividade e a necessidade de dessimplificar o pensamento humano (como um eixo ideológico-tecnocrata, que especificaria o nível de tecnicidade envolvida nas decisões, indo desde um foco puramente ideológico até um puramente técnico).

terça-feira, 24 de março de 2015

Nosso destino não é o fim

Nossos ancestrais antigos
tinham vidas breves
nasciam
cresciam
e reproduziam
a morte podia vir a qualquer momento
e eventualmente ela vinha
uma doença
uma luta
um predador
um acidente
o desgaste
a evolução não nos preparou para viver para sempre
tampouco nos preparou para a morte
a finalidade da vida não é a morte
a finalidade da vida é a vida
e nenhuma vida termina porque devia ser assim
o futuro não é o fim da linha
é uma incongnita
é possibilidades


quarta-feira, 18 de março de 2015

Proposta de como deve ser feita a Reforma Política.

Sou totalmente favorável a uma Reforma Política, mas ela não deve ser feita pelo PT nem por qualquer outro grupo político. Tem que ser feita por não-políticos, com representação de todas as classes sociais e de homens e mulheres na proporção em que ocorrem na sociedade e com requisito de instrução mínima (leitura, interpretação de textos, matemática e ciências). O metodo de escolha pode ser por cadastro e sorteio, dentre os que atendem aos requisitos. Por que um sorteio? Para eliminar vias em pode haver corrupção ou seletividade excessiva. Abaixo, mais detalhes.

Cadastro e seleção:
Um período de divulgação e cadastro será iniciado, qualquer brasileiro poderá se inscrever, com exceção dos políticos eleitos. Haverão, na verdade dois processos separados, um para os homens e outro para as mulheres, conforma conste na certidão de nascimento. Os inscritos serão separados também conforme a renda comprovada, sendo classificado sempre para uma classe mais alta em caso de dúvida. Uma prova será aplicada a todos os candidatos, para que comprovem os requisitos de instrução mínima. Estre os classificados, será feito um sorteio para cada classe social, de forma a selecionar, finalmente os cidadão que farão a reforma. Todo esse processo deverá ser feito de forma aberta (desde os códigos de software até as avaliações e divulgações de resultados, de modo que irregularidades sejam identificadas).

Proporção social:
Dividir a população em classes sociais baseados na renda, os selecionados deverão se adequar às proporcionalidades encontradas na sociedade. Essa é uma forma de amenizar que o sorteio, por uma aleatoriedade, selecione mais constituintes de uma classe ou outra de forma diferente ao que é verificado na sociedade e amenizar o efeito elitizante da seleção por instrução.

Avaliação:
A avaliação deve ser totalmente diferente dos vestibulares, deve cobrar conhecimentos gerais (sem demasiados detalhes técnicos) e raciocínio e ter caráter classificatório (para desclassificar os analfabetos, analfabetos funcionais, analfabetos científicos e analfabetos lógico-matemáticos).

Constituintes:
Para fazer a reforma, um certo número (pode ser 100, 200...) de pessoas devem ser escolhidas, elas serão as "constituintes". Todas deverão ser reunidas num local préviamente definido e preparado, onde irão morar durante o tempo de elaboração da reforma. Para evitar que sejam corrompidos ou ameaçados, as comunicações com o mundo externo serão feitas exclusivamente via internet (audio, imagem e texto) e serão integralmente disbonibilizadas públicamente em tempo real. Os demais cidadãos poderão enviar sugestões também pela internet de forma aberta e não anônima. Tentativas de corromper ou ameaças aos constituintes serão consideradas crimes e julgadas. As comunicações internas poderão ou não serem secretas a critério dos constituintes.

Construção da reforma:
Os constituintes debaterão entre si sobre como será o novo sistema político, poderão dialogar com a sociedade, fazer pesquisas e propostas. No final, deverão apresentar três propostas de reforma política a serem votadas pelos eleitores em até dois turnos. Eles permanecerão inelegíveis por 10 anos. A proposta escolhida deverá ser obrigatóriamente aceita pelo legislativo, executivo e judiciário.

Concorda com a minha proposta? Discorda? Por favor, faça críticas e sugestões. Se gostou ou acha útil, compartilhe.

sábado, 19 de outubro de 2013

Princípios teóricos de direitos animais.

Os seres humanos tem essa mania feia de achar que são melhores que outros animais. A princípio, tanto um quanto o outro sentem dor, fome, medo, afeto, alegria, tristeza, etc. Algumas dessa emoções podem estar ausentes ou presentes em certas espécies. Mas então, tudo é a mesma coisa e devem ser tratados como iguais?

Não. Para fazer o roteamento dos direitos de um ser sensiente eu uso o seguinte princípio que me parece ser bem razoável:

"Os direitos de um indivíduo devem ser proporcionais aos deveres que ele pode assumir."

Onde por "indivíduo" me refiro a qualquer indivíduo de qualquer espécie. A maioria dos animais não podem, não tem capacidade intelectual para assumir certas responsabilidades que os humanos podem. Você não pode esperar que um leão negocie contigo para lhe poupar a vida. Nem que um rato reinvindique seus direitos perante a justiça. Um coelho não vai decidir volutariamente parar de se reproduzir se seu predador for eliminado.

Note que esse princípio também vale para humanos, nem todo humano tem capacidade de escolher de forma coerente seus lideres (não deveriam ter poder político), nem todo sabe avaliar os impactos de seus atos sobre o ambiente (não deveriam ser donos de empresas), muitos não sabem resolver problemas (não deveriam liderar), etc.

Em relação aos testes em animais, luta pela vida (de um ponto de vista de justiça, não de leis da selva) ou eventual uso de animais como alimento, a pergunta que deve ser feita é

"Quem tem mais a perder?"

Se o animal humano tem mais sonhos, maior nível de consciência, mente mais vasta de ideias e emoções, é ele quem tem mais a perder. Se é o outro animal que tem mais sonhos, maior nível de consciência, mente mais vasta de ideias e emoções, é ele quem tem mais a perder. Aí que entra outro princípio:

"Quem tem mais a perder no que ele é, tem maior prioridade de vida."

Onde "no que ele é" significa que bens externos não são levados em conta, somente os internos (memória, emoções, consciência, vontade, sonhos).

Se tenho todos esses atributos, de modo a ter mais direitos e maior prioridade de vida que outros animais, então posso fazer o que quiser com eles? No âmbito da compaixão e da razão (juntas), eu diria que não. Acho razoável o seguinte princípio:

"Todo mal desnecessário é proibido."

Ou seja, se não preciso fazer testes em animais, se não preciso matá-los para comer, se não preciso fazê-los sofrer para garantir meu bem estar, é inadimissível fazê-lo.

Enfim, nesse contexto (justiça, direitos, compaixão e razão), considero que há duas possíveis ações a tomar:

- ou elevamos o nível de direitos e prioridade de vida de certos animais que apresentam todas as características que nos fazem nos achar no "mais direito";

- ou abaixamos o nível de direitos e prioridade de vida de certos humanos.

Assim, no frio mesmo. Algumas pessoas podem achar absurdo comparar humanos com outros animais, como se houvesse algo de sagrado, superior, transcendental ou sei lá o que em nós. Esse é o mesmo padrão de pensamento (ou ausência de) que existe no machismo, femismo, racismo, etc... Damos a isso o nome de especismo, em analogia (ou algo parecido) a esses outros termos.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Conhecimento sem crença

Uma definição clássica de conhecimento é a apresentada a seguir
Como pode-se ver, ela faz uso do conceito de crença. Com uma pequena alteração pode eliminar isso, de modo que não haja dependência da definição de conhecimento com uma emoção:
Essa defininição ainda é muito simplória e pouco abrangente. Ela não engloba, por exemplo, o conhecimento matemático, o conhecimento filósofico em sua totalidade e o conhecimento "por definição". Isso sem falar que há idéias segundo as quais a verdade não existe.


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Um missionário e um ateu na porta do céu...

Um missionário evangélico e um ateu militante estão num avião que está caindo.

- Nós vamos morrer, converta-se agora equanto há tempo! - Diz o missionário.

- Que nada! Deus não existe! - Exclama o ateu.

- Quer apostar?

- Tá apostado!

Eles morrem. Ambos se encontram na entrada do céu, o missionário olha para o ateu de forma triunfante.

- Calmaê! Primeiro temos que confirmar se isso é realmente o céu e se Deus existe mesmo. - Declara o ateu.

- Tem um homem alí, parece que ele controla a entrada...

Eles se aproximam do homem de barba branca e careca.

- Você é Deus? - Pergunta o ateu.

- Não, não. Sou São Pedro.

O missionário empalidece.

- Sã-São Pedro?

- Há! Parece que você também estava errado! - Caçoa o ateu.

- En-então os católicos estavam certos? - Pergunta o missionário, tenso.

- Na verdade não, normalmente quem fica aqui é o Yh mesmo...

- Yh?

- Iavé, é o nome de de "Deus", se escreve "YHVH"... Então... Normalmente é ele quem fica aqui, mas ele me pediu para substituí-lo hoje para poder ver qual seria a sua cara ao me ver. Hahaha Valeu a pena!

- Hahahah - O ateu também ri. - Queria ter uma camera agora...

- Hahaha, verdade... - Diz São Pedro. - Bom, bom, vamos ao trabalho agora... Vejamos, - ele olha para alguns papeis - você - aponta para o ateu - pode entrar no paraíso, e você - aponta para o missionário - um expresso para o inferno partirá em uns 20 minutos. Não deixe de pegá-lo...

- Ein?! - Diz o ateu.

- O que???!!! - Exclama o missionário.

São Pedro olha para a cara deles por alguns segundos.

- O que foi? É isso mesmo. Você para o céu e você para o inferno...

- Deve ter algo de errado aí! - Diz o missionário.

O santo folheia algumas paginas de arquivo e lê algumas coisas.

- Hum, achei... Senhor, você passou sua vida inteira acreditando em Deus, manteve sua fé inabalável, jamais deixou que nenhum argumento, fato, evidência, razão, prova, absurdo, etc, por melhor que fossem, se quer riscassem suas certeza sobre a existêcia e o amor do Altíssimo, certo?

- Sim, sim, sim! Esse mal entendido será resolvido afinal...

- Olha, não precisa rever minha ficha não, estou satisfeito com o julgamento atual... - Diz o ateu, mas sem receber muita atenção.

- Não, tá certo... - São Pedro retoma a palavra. - Você achou que para ser salvo devia acreditar apesar de toda a falta de provas da existência de Deus, mas é o contrário. Na verdade, para ser salvo, você devia ter sido racional apesar de toda a necessidade de acreditar.

Vendo a cara de medo do missionário, São Pedro resolve acalmá-lo.

- Mas, relaxa, o inferno não é fogo e enxofre e nem é pela eternidade. Ele está mais para um curso universitário de filosofia, matemática, letras, história, biologia e afins, mas com duração indeterminada. Vai logo, pois Abraão, o veterano supremo de lá, não pega leve com os bixos que chegam atrasados...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Neblina conceitual.

Antes de conhecermos a definição de uma palavra, desenvolvemos significados para ela baseados nos contextos em que é usada e nas reações emocionais à ela associadas, tais significados persistem mesmo quando se conhece a definição precisa da palavra (posteriormente acabam se tornando dos significados possíveis, ou seja, são inseridos nos dicionários). É esse amontoado de significados associados informalmente às palavras (seja por analogias, anseios humanos, efeito prático, etc) que chamo de "neblina conceitual".

Na neblina conceitual da palavra democracia, por exemplo, estão conceitos (variando de pessoa para pessoa) como liberdade, justiça, voto, vontade do povo, propriedade, direitos humanos, alternância no poder, distribuição de riqueza, coletividade, etc. A palavra ditadura tem, por sua vez, a própria neblina conceitual: imposição, violência, perpetuação no poder, repressão, concentração de poder em um único homem ou em poucos, etc.